Oito policiais da região de Jammu e Caxemira, no norte da Índia, foram afastados após não agirem para impedir um ataque contra missionários cristãos promovido por nacionalistas hindus, conforme relataram investigadores ligados à defesa dos direitos humanos.
De acordo com os relatos, cerca de dez agressores cercaram e atacaram um ônibus que transportava missionários vindos de Kerala, logo após o grupo deixar uma residência na vila de Juthana — área sob responsabilidade do posto policial de Jakhole, no distrito de Kathua.
Imagens do incidente, ocorrido em 23 de outubro, circularam amplamente nas redes sociais, mostrando policiais presentes no local sem reagir, enquanto os agressores, armados com paus e facas, vandalizavam o veículo.
Segundo a organização International Christian Concern (ICC), o ataque começou assim que o ônibus foi parado: os extremistas destruíram o para-brisa, espelhos e ainda agrediram alguns passageiros. Testemunhas afirmam que os agentes de segurança apenas observaram a violência sem intervir para proteger os missionários.
MEDIDA DISCIPLINAR
Apenas um agente tentou, sem êxito, conter um dos agressores que forçou a porta do ônibus. Gritos de desespero — inclusive de mulheres — ecoaram de dentro do veículo enquanto os missionários eram atacados.
Após o incidente, a superintendente sênior de polícia de Kathua, Mohita Sharma, determinou a suspensão de oito policiais, entre eles o chefe do posto de Jakhole, por não terem agido durante a violência.
Além das medidas disciplinares, foi aberto um boletim de ocorrência contra cerca de dez suspeitos. Fontes próximas ao caso afirmaram que dois dos acusados já possuíam histórico de infrações.
Segundo testemunhas, os agressores acusaram os missionários do sul da Índia de promover conversões religiosas forçadas. No entanto, as autoridades locais declararam que nenhuma prova desse tipo foi encontrada e que as investigações continuam em andamento.
EPISÓDIOS DE VIOLÊNCIA
O episódio mais recente se soma a uma sequência crescente de ataques contra a comunidade cristã na Índia, que conta com cerca de 28 milhões de fiéis — o equivalente a pouco mais de 2% da população —, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.
Atualmente, o país ocupa o 11º lugar no ranking global da Open Doors, que lista as nações onde seguidores de Cristo enfrentam os níveis mais severos de perseguição religiosa.
Localizada no extremo norte indiano, Jammu e Caxemira — região que faz fronteira com o Paquistão e o Himalaia — permanece sob controle direto do governo central desde que Nova Déli retirou sua autonomia em 2019.
Altamente militarizada e marcada por disputas políticas e religiosas, a área continua sendo palco de episódios de tensão que atingem especialmente minorias como os cristãos.




