Israel realizou nesta quinta-feira uma cerimônia oficial no Monte Herzl, em Jerusalém, marcando dois anos desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu destacou os avanços das forças israelenses em Gaza, mas reiterou que “a batalha ainda não terminou”.
O evento aconteceu em meio a um sentimento misto no país, com sinais de que o conflito se aproxima do fim, impulsionado pela primeira fase do acordo de paz proposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O pacto viabilizou o retorno dos últimos 20 reféns vivos e dos corpos de nove vítimas, enquanto buscas continuam pelos restos mortais de outros 19 reféns.
Estiveram presentes o presidente Isaac Herzog, o chefe do Estado-Maior Eyal Zamir, ministros, parlamentares, líderes militares e familiares das vítimas. A cerimônia homenageou tanto os soldados mortos nos ataques quanto os que caíram na guerra subsequente, além de um tributo separado aos civis assassinados.
Netanyahu: “Comprometido em alcançar a vitória total”
Durante seu discurso, Netanyahu reafirmou que Israel continuará perseguindo “todos os objetivos da guerra”, destacando a prioridade de libertar os reféns e conter o Irã e seus aliados.
“A batalha ainda não terminou”, declarou o premiê. “Quem se voltar contra nós enfrentará um preço altíssimo. Estamos resolvidos a alcançar uma vitória que definirá o futuro do nosso povo por gerações.”
Ele destacou a união das forças armadas israelenses — compostas por judeus, drusos, cristãos, muçulmanos, beduínos e circassianos — que, segundo ele, lutam lado a lado pela sobrevivência nacional. Netanyahu também repudiou as acusações internacionais de genocídio, afirmando que o verdadeiro massacre ocorreu em 7 de outubro.
“Se os terroristas tivessem tido a chance, não teriam poupado ninguém”, afirmou, classificando os atos do Hamas como “entre os mais cruéis já vistos na história moderna”.
Encerrando, exaltou o fortalecimento diplomático de Israel, dizendo que o desfecho da guerra abre “novas e vastas possibilidades para ampliar o círculo de paz com nossos vizinhos árabes e muçulmanos.”
Herzog: “Que nossa nação honre o sacrifício deles”
No discurso, o presidente Isaac Herzog pediu coesão nacional e um afastamento das discórdias internas, cobrando que o país se una para a reconstrução após dois anos de conflito.
“Quando rejeitamos extremismos e abrimos mão das divisões, e nos reunimos em torno de um objetivo comum, nenhum desafio nos é intransponível”, afirmou Herzog.
O presidente dirigiu palavras de gratidão às famílias dos soldados mortos e às Forças de Defesa de Israel (IDF) pelo sacrifício, lembrando que o presidente Trump havia elogiado o “heroísmo” das tropas durante seu discurso no Knesset.
Herzog também reiterou a necessidade de esforços incessantes para recuperar os restos dos reféns ainda em Gaza: “Devemos empregar todos os meios e canais possíveis até que cada uma das vítimas e todos os reféns — até o último — retornem para casa”.
“Dia Nacional de Prestação de Contas”
Mais tarde, Herzog dirigiu-se às famílias das vítimas civis do ataque de 7 de outubro, pedindo desculpas em nome do Estado por não ter protegido seus cidadãos.
“Só me resta abraçá-los e suplicar perdão pelo fracasso do Estado de Israel em defendê-los naquele dia terrível”, afirmou, solicitando uma investigação completa sobre as falhas governamentais relacionadas ao ataque.
Na quarta-feira, o Tribunal Superior de Justiça pressionou o governo a criar uma comissão estadual de inquérito, alegando que não havia “nenhum argumento real” contra sua formação.
Em um segundo discurso, Netanyahu reafirmou a permanente “luta de Israel contra o terrorismo”, garantindo que “nossa batalha seguirá com total intensidade”, mesmo enquanto o país trabalha na reconstrução.
“Do vale do choro em 7 de outubro até o Monte Hermon e os céus de Teerã, nos erguemos unidos — e assim permaneceremos”, declarou Netanyahu.



